Sua militância LGBTQIA+ é antirracista?

Nathalia Souza
3 min readJun 4, 2020

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Imagem: Pinterest

Bora começar o mês do orgulho com essa reflexão?

Sou uma mulher branca que participa de movimentos sociais com foco em gênero e sexualidade desde 2014. Nesses espaços, sempre se falou muito sobre gênero e sexualidade, mas pouco sobre suas interseccionalidades com os debates de raça e classe. Por algum tempo, eu me escondi atrás da desculpa “não é o meu lugar de fala”. Fiz isso até entender o conceito de branquitude como privilégio estrutural e como essa estrutura beneficia pessoas como eu ao mesmo tempo que cria obstáculos para pessoas negras.

Mais cores, mais orgulho

Em junho de 2017, a cidade da Filadélfia, a maior cidade do estado da Pensilvânia nos Estados Unidos, lançou uma campanha chamada “Mais cor, mais orgulho”. Como parte da campanha, lançaram uma nova versão da bandeira LGBTI+ e adicionaram as cores marrom e preto na tradicional bandeira do arco-íris com o objetivo de representar as pessoas negras e pardas da comunidade LGBTI+. Em 2019, a parada LGBTI+ da cidade de Manchester na Inglaterra também decidiu adotar a nova bandeira.

O site da campanha “Mais cores, mais orgulho” diz:

A bandeira do arco-íris é um símbolo icônico da unidade LGBTQ+. Ela representa inclusão. Porém, pessoas negras são marginalizadas, ignoradas e excluídas. Para alimentar esta importante conversa, expandimos as cores da bandeira para incluir o preto e o marrom. Pode parecer um pequeno passo. Mas juntos, podemos dar grandes passos para uma comunidade verdadeiramente inclusiva.

Não podemos falar só do colorido do arco-íris quando temos tantas vidas negras sendo interrompidas. A discriminação racial faz parte da formação do Estado Nacional Brasileiro e o passado escravocrata deixou uma herança cruel que se perpetua até hoje. A questão racial é central na estruturação das desigualdades do país. No caso de pessoas negras LGBTI+, os marcadores sociais ficam sobrepostos e se potencializam, criando ainda mais obstáculos. Considerar a inseparabilidade estrutural do racismo, capitalismo e cisheteropatriarcado é tão desconfortável quanto urgente.

Nós, pessoas brancas, precisamos nos responsabilizar e atuar ativamente para a criação de estratégias de enfrentamento ao racismo. É preciso refletir individualmente sobre o papel de cada um no combate ao racismo, mas também cobrar do Estado para que ele cumpra seu papel e promova ações de reparação histórica para diminuição das desigualdades.

Eu nunca vou saber o que é ser discriminada pela cor da minha pele. Por isso, estou aqui para escutar, estudar, aprender, somar nessa luta e colaborar para não deixar ninguém pra trás. Sigam, escutem, leiam e valorizem pessoas negras. O racismo é um problema de todos nós.

“Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Angela Davis

Dica: O Senac liberou acesso gratuito ao curso “Divesidades: Educação Antirracismo” preparado pela historiadora Susane Jardim. Link do curso: https://www.cursosead.sp.senac.br/antirracismo/index.html

Meu nome é Nathalia Souza. Formada em Gestão de Recursos Humanos, pós-graduada em Gestão de Pessoas e Liderança Coach e pós-graduanda em Diversidade e Desenvolvimento de Práticas Inclusivas nas Organizações. Profissional de Gestão de Pessoas com experiência em atração e desenvolvimento de talentos, principalmente no setor de tecnologia. Encontrei meu propósito no trabalho com diversidade e inclusão nas organizações.

Tem sugestões ou dúvidas? Entra em contato e vamos seguir trocando ideias.

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Nathalia Souza

Realista esperançosa e Especialista em Diversidade e Inclusão nas Organizações